Passo. Passo. E, finalmente um último passo.
Chuva e umidade nunca fazem bem. Mas, hoje por incrível que pareça, não poderia ter acontecido coisa melhor.
Isso porque o cabelo não interessava. Aquela garota de tão cansada queria gritar qualquer coisa. Um fator final pra depressão: dependência de transporte coletivo.
Em meio de "tchauzinhos" mandados por motoristas simpáticos, que aceleram ao ver um ponto de ônibus cheio, ela sentia sua pele arrepiar após uma ventania inesperada.
A única coisa que ficou insistindo em ficar em sua cabeça, não havia dado importância a ela e ao fato de ocupar cabeças alheias.
O único problema desse tipo de coisa é a esperança. A frieza estabelecida no coração daquela garota depois de tanto sacrifício, desmoronou com uma pontinha teimosa desse sentimento. Como ela odiava ser fraca.
Chegando o ônibus, lá estava a razão disso tudo.
A garota se acomodou em um banco e segurou suas lágrimas até aonde pôde.
Por que sempre com ela era mais difícil e/ou doloroso?

Sua companhia de sempre. A inseparável música. Tão doce e tão calorosa ao mesmo tempo.
Numa necessidade de abraço, um inexistente lhe acolheu e ela se lembrou do aconchego de abraçar seu melhor amigo....que era uma das melhores coisas do mundo.
Como ele fazia falta.
Lágrimas iam cessando.
Ou não.

As lâmpadas pareciam ter um brilho diferente essa noite.
As pessoas olhavam-na com cara de piedade.
Tudo ficava embaçado as vezes. Fato temporário antes de sentir algo quente deslizando suas bochechas.
O tempo parou.
E as gotas de chuva, frias, misturavam com o conteúdo em seu rosto causando uma sensação bem agradável.
Começou a olhar pra cima e tentar desvendar a tragetória das gotas que o céu não impedia que caíssem.

Subiu escadas.
Secou o rosto.
Contou até cinco, olhando para uma porta de entrada.
Respirou fundo e entrou dizendo com um sorriso forçado:
-Oi mãe.